A queda no idoso é um acidente doméstico muito frequente. Com o envelhecimento, o equilíbrio já não é mais o mesmo, levando a alterações que podem ir desde a instabilidade até as quedas.
Alguns estudos mostram que 40% a 60% das quedas provocam algum tipo de lesão e quem sofre uma queda tem mais probabilidade de voltar a cair. Esses idosos apresentam redução da mobilidade, da independência e aumento dos riscos de morte.
Perda de equilíbrio ou labirintite?
De acordo com o departamento de Otorrinolaringologia Geriátrica da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (Aborl-CCF), os sintomas de tontura, zumbido e perda de audição fazem parte do quadro. “Muitas pessoas conhecem essas alterações como “labirintite”, que nem sempre é o termo mais adequado. Nesta faixa etária, há uma degeneração generalizada e progressiva de muitos órgãos e funções. O equilíbrio é percebido no cérebro, a partir das informações do labirinto, da visão e do cerebelo, que coordena toda a musculatura”.
A partir desta fase, o perigo da queda no idoso pode ser mais frequente. O idoso tem dificuldades visuais e pode ter alterações musculares, por falta de movimentação. O labirinto, de alguma forma, percebe a alteração da concentração de metabólitos do sangue, como glicose e colesterol. Além disso, alimentação não saudável, excesso de café e álcool, além de certos medicamentos também podem afetar o equilíbrio.
“Não podemos deixar de orientar em relação aos vasos e nervos da região do ouvido interno e da disfunção da articulação temporomandibular (ATM), que sofre com próteses dentárias (dentaduras) mal adaptadas. Todos esses pontos precisam de atenção”.
O problema de equilíbrio no idoso pode ter muitas causas, mas com um diagnóstico preciso e o tratamento direcionado, há chances de ter uma boa melhora. Portanto, tratar as queixas de equilíbrio do idoso pode evitar a principal consequência que são as quedas.
Os fatores de risco da queda no idoso são vários, podendo ser intrínsecos (próprios da idade), extrínsecos (ambientais), comportamentais e ter um efeito cumulativo.
Fatores de risco relacionados com a idade:
- Gênero: o sexo feminino está mais propenso à queda
- História prévia de quedas
- Polimedicação (uso de quatro ou mais fármacos simultaneamente)
- Alteração do equilíbrio
- Sedentarismo
- Déficit cognitivo
- Alterações da visão
- Alterações ortopédicas
- Estado psicológico
- Estado funcional (grau de dependência)
Fatores de risco ambientais que causam perigo da queda no idoso:
- Iluminação deficiente
- Piso irregular e/ou escorregadio
- Degraus altos e estreitos
- Ausência de corrimão (banheiro e escadas)
- Tapetes soltos
- Obstáculos (mobiliário)
- Roupa e sapatos inadequados, desconfortáveis
Fatores comportamentais:
- Grau de exposição ao risco, ou seja, os dois grupos extremos em termos de atividade (mais inativos e mais ativos) são os que têm maior risco de queda.
Como prevenir a queda
É importante iniciar uma abordagem diagnóstica e terapêutica, para identificar os fatores de risco de queda, promovendo qualidade de vida ao idoso. Além disso, é fundamental a realização de exames complementares,a fim de obter um diagnóstico mais preciso, de acordo com a realidade de cada pessoa.
Nesta faixa etária, o acompanhamento geriátrico também é importante para a saúde do idoso, pois se trata de uma fase com necessidades e sensibilidades específicas; e o médico especialista em Geriatria pode ajudar com um melhor entendimento aos idosos e seus familiares.
Há dois exames que podem ser feitos. São eles: a Posturografia Dinâmica Computadorizada, que permite identificar se o idoso pode ser acompanhado através de uma reabilitação e monitorização da resposta terapêutica. O outro é a Reabilitação Vestibular, ou seja, um conjunto de exercícios que permitem à pessoa, após uma alteração do equilíbrio, obter uma regulação das redes neuronais.
Os programas de prevenção de queda, quando focados numa abordagem multidisciplinar, de acordo com os fatores de risco intrínsecos e extrínsecos, evitam, ainda, quadros de isolamento, solidão e depressão, bastante comuns nessa faixa etária.
Algumas orientações para a prevenção:
- Movimentar-se por ambientes bem iluminados e sinalizados
- Não subir em caixas, cadeiras ou bancos; evitar deixar objetos de uso frequente em locais fora do próprio alcance
- Retirar tapetes da casa e usar antiderrapantes nos banheiros
- Não deixar o chão molhado
- Não utilizar produtos de limpeza que deixem o chão escorregadio
- À noite, manter a passagem da cama ao banheiro livre e iluminada
- Não recusar ajuda para subir no carro, ônibus ou em qualquer outro meio de transporte
- Usar calçados adequados e que fiquem bem fixados nos pés. Evitar as sandálias de borracha e nem usar meias com chinelo
- Usar bengalas, muletas ou o apoio que for necessário para se locomover
- Evitar ingestão de álcool
Caso o idoso perceba qualquer um dos sintomas citados acima, é importante procurar um médico otorrinolaringologista, é necessário relatar os sintomas, por mais simples que pareçam.