Língua presa: uma condição que atinge de 2,8% a 10,7% dos(as) bebês, segundo estudos internacionais da área médica. Considerada uma anomalia congênita, ela ocorre quando o freio ou frênulo lingual, membrana que fica embaixo da língua responsável por prendê-la na boca, é menor que o normal ou posicionada muito próximo à ponta do órgão.
No Brasil, desde 2014, vigora a Lei nº 13.002 que tornou obrigatória a realização do Protocolo de Avaliação do Frênulo da Língua, também conhecido como “teste da linguinha”, com o objetivo de identificar precocemente o problema em recém-nascidos(as). Mas a simples detecção de um freio curto em recém-nascidos não é indicação de cirurgia! Essa criança tem que ser acompanhada por profissionais capacitados e a mamada deve ser observada. Se o aleitamento materno realmente estiver sendo muito prejudicado pela língua presa, a cirurgia pode ser uma das opções de tratamento, mas apenas a minoria necessitará desse procedimento.
A seguir, vamos falar melhor sobre as implicações dessa condição à saúde.
Quais problemas a língua presa pode trazer à saúde?
A língua presa pode trazer complicações para a amamentação, alimentação, fala e desenvolvimento dentário. Mas não precisa se desesperar! Afinal, essa situação tem tratamento, o qual abordaremos na sequência. Seus sintomas podem variar de acordo com a idade e o grau da condição, mas alguns sinais comuns são:
- Dificuldade para levantar, mover ou colocar a língua para fora da boca;
- Língua em forma de nó ou de coração na ponta;
- Baixo ganho de peso;
- Dificuldade para pronunciar algumas letras ou sons (nas crianças maiores)
Um diagnóstico definitivo nos primeiros dias de vida não é possível, uma vez que os bebês ainda estão aprendendo a mamar e as mães, a amamentar. Nestes casos, a língua presa pode não ser o motivo de eventuais dificuldades nessas tarefas.
“Como médicos que avaliam bebês com dificuldades de amamentação, vemos vários casos de dificuldade por outras causas que não correspondem ao freio lingual curto, como malformações das vias aéreas e alterações neurológicas que, em um primeiro momento, podem não ser fáceis de identificar e exigem avaliação e acompanhamento médico”, esclarece a presidente da Academia Brasileira de Otorrinolaringologia Pediátrica (ABOPe), Cláudia Schweiger. “Essas outras causas podem ser, inclusive, contra-indicações para se cortar o freio: a cirurgia pode piorar o problema”, acrescenta.
Esses diagnósticos diferenciais podem ser feitos por alguns(algumas) profissionais da saúde, como o(a) pediatra e o otorrinolaringologista, sempre em colaboração com a avaliação clínica de um(a) fonoaudiólogo(a) por meio de exames clínicos e testes de mobilidade da língua. Vamos, então, conhecer melhor os sintomas da língua presa.
Os principais sintomas da língua presa
Além dos sinais já citados, a língua presa pode ser identificada a partir dos seguintes sintomas:
- Dificuldade em levantar a língua até aos dentes de cima;
- Dificuldade em mover a língua de lado;
- Problema para colocar a língua para fora dos lábios;
- Língua em forma de nó ou de coração, quando a criança a coloca para fora;
- O bebê morde o mamilo da mãe em vez de sugar;
- A criança alimenta-se mal e tem fome, pouco tempo depois de mamar;
- Problema para pronunciar palavras com as letras L, R, N ou Z;
- Alterações na oclusão dentária, como mordida aberta anterior e/ou lateral.
Agora que você já conhece melhor o problema, vamos à solução!
Qual é o tratamento adequado para a língua presa?
A forma adequada de tratar o problema depende da idade e da gravidade da situação, podendo ser por meio de procedimentos cirúrgicos ou terapia fonoaudiológica. Em bebês, o tratamento é indicado se houver dificuldades de amamentação e pouco ganho de peso causados pelo freio curto e consiste em um corte no freio da língua para liberar a sua mobilidade (frenotomia).
Em crianças maiores, a cirurgia é indicada quando há problemas na fala, mastigação ou higiene bucal causados pela língua presa.
Já a terapia fonoaudiológica ajuda o(a) paciente a melhorar a pronúncia das palavras, articulação dos sons e coordenação dos movimentos da língua. Ela pode ser iniciada antes ou depois da cirurgia, dependendo da avaliação do(a) seu(sua) médico..
H3: Por que consultar um(a) especialista?
Vale reforçar a importância de avaliar a necessidade da cirurgia, já que é preciso fazê-la apenas quando a condição interfere nas atividades diárias e no desenvolvimento da criança.
“Hoje, entendemos que a maior dificuldade das famílias seja a de encontrar profissionais que saibam avaliar adequadamente as crianças. É cada vez mais comum vê-las sendo submetidas a cirurgias sem uma avaliação completa antes, como se fosse imprescindível para a amamentação ou o desenvolvimento adequado da fala, o que não é verdade. Por isso, o importante é que a criança com dificuldade para mamar ou para falar seja avaliada por um(a) especialista. Ele(a) é capaz de avaliar muitas outras coisas (além do freio lingual) e fará o procedimento, se preciso”, declara Dra. Juliana Caixeta, uma das otorrinolaringologistas responsáveis pela Campanha Nacional da Otorrino Pediátrica, promovida pela ABORL-CCF e que visa à maior conscientização em relação à língua presa.
Como você viu, a língua presa é tratável e, em caso de dúvidas, não deixe de consultar um(a) otorrinolaringologista, que pode determinar os próximos passos em relação a esse problema do(a) bebê ou da pessoa.